Assuntos tabu

Marisa Bussacos
2 min readAug 10, 2018

--

Quando entramos em assuntos polêmicos num grupo, tem sempre quem diz: "melhor mudar de tema". Isso porque temos dificuldade em escutarmos ativamente o outro e nos abrirmos para o que vem. Enquanto a pessoa fala, ao invés de praticarmos a escuta, ficamos elaborando a nossa resposta, a nossa posição. Potencializamos essa postura em assuntos nos quais discordamos do conteúdo que está sendo expresso, principalmente se for algo que mexa com os nossos valores.

Mas precisamos aprender a conversar sobre todos os temas, já que em muitos não fomos ensinados, pois tanto na escola quanto em casa eram proibidos. Não discutirmos sobre política, futebol ou religião, por exemplo, é assumirmos que falimos como seres comunicativos, como seres capazes de trocar sem ofensas, sem atacar uns aos outros.

Penso que nos tornamos tão passionais e enérgicos quando abordamos esses conteúdos justamente por ser tabu e por mexer com os nossos valores, como falei acima. São poucas oportunidades e, quando as temos, queremos nos colocar antes de sermos censurados. Será? Estou investigando e me investigando.

E quando nos calamos frente a esses temas, o que acontece? Nos munimos de certezas, de argumentos e não praticamos a troca, ao contrário, nos fortalecemos em nossas próprias opiniões. Há ainda o algoritmo de redes como o Facebook, que nos torna ainda mais convictos do que acreditamos, sem a possibilidade de nos depararmos com pontos de vistas divergentes aos nossos.

Num momento como esse das eleições vamos ter diversas oportunidades de debatermos civilizadamente nos grupos dos quais fazemos parte, sem precisarmos excluir amigos da rede social, das conversas e sem precisarmos recriminar o assunto. Dessa forma, todo mundo sai ganhando: nós mesmos, o outro e a sociedade, que com cidadãos ativos e participativos tem a chance de evoluir. Afinal, não dá para esperar que os políticos façam o que consideramos justo sem que nos expressemos.

Desafio dado. Difícil, não é? Estão preparados? Estou me preparando!

Segue a fala que gosto muito de Luiza Helena Christov, mestre e doutora em educação:

“Se a palavra não é o único mediador, podemos acreditar que a escuta (da voz e dos gestos) é um elemento unificador. Escutar é prestar atenção e se abrir para a vida com curiosidade. Parece óbvio, mas é mais difícil do que ouvir. Exige esforço, treino e entrega. Só a curiosidade evita que o sujeito se enclausure nele mesmo. Ao dialogar, precisamos abrir espaço para o novo, esvaziando-se de certezas, confiando no que o outro pode trazer.”

Vamos lá?

--

--

Marisa Bussacos

Aconselhadora Biográfica & Coach. Apaixonada por desenvolvimento humano, pessoas e suas complexidades. Curiosa por ideias criativas e negócios com alma